quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Farroupilha 1835-1845 (2° colegial)


A farroupilha ou guerra dos farrapos foi um dos maiores levantes da história do Brasil e ocorreu na região sul, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O Rio Grande do Sul era o principal criador de gado do Brasil, e era responsável pelo abastecimendo da região das minas gerais com carne seca e charque. Entretanto, a política de indicação dos governadores levou ao aumento dos impostos sobre a carne gaucha que provocou dificuldades na concorrência com a carne argentina que sofria menos impostos. Após tentativas fracassadas de acordo com o governo regêncial, os fazendeiros gaúchos iniciaram o levante com a participação dos populares e dos escravos, que receberiam a liberdade em caso de vitória.
A farroupilha recebeu este nome devido aos trajes dos integrantes de seu exército. O principal nome da liderança dos farrapos era o fazendeiro Bento Gonçalves que conseguiu levar à separação a província em 1837, e a fundação da República Rio Grandense. O governo brasileiro conseguiu recuperar o território em seguida, mas a insistência dos farrapos levou a nova separação e a fundação da República do Piratiní. Bento Gonçalves foi escolhido para ser o primeiro presidente, mas após emboscada do exército brasileiro, foi preso e enviado para a prisão em Salvador. Com o advento da Sabinada, Bento Gonçalves consegue se libertar e retornar à república do Piratiní, sendo nomeado presidente.
Outro nome importante foi o italiano Giuseppe Garibaldi. Fugitivo de seu país, onde lutou pela unificação, acabou se unindo ao levante farroupilha alcançando cargos importantes e fundamental na formação de uma marinha e na defesa do território. Sua atuação incentivou o levante em Santa Catarina que em 1838 se separou do Brasil e fundou a República Juliana. A reação governamental se deu através da atuação do exército brasileiro liderado por Duque de Caxias. Após recuperar Santa Catarina, venceu com grande esforço a batalha do piratiní, mas não conseguiu acabar com os farroupilhas. O fim do levante só se deu após o golpe da maioridade que levou a coroação de Dom Pedro II com apenas 14 anos. A intervenção do monarca possibilitou um acordo com os farrapos, no qual o governo iria passar a cobrar impostos sobre a carne argentina, os escravos que lutaram no conflito ganhariam a liberdades e todos os presos seriam libertados. Desta forma, o Rio Grande do Sul voltou a ser um território brasileiro.

Sabinada 1837-1838 (2° colegial)



A Sabinada foi um movimento ocorrido no estado da Bahia e envolveu profissionais liberais e a classe média. Recebeu este nome devido a liderança do médico Francisco Sabino. A insatisfação com a presença do governador indicado pela regência e principalmente devido a convocação obrigatória feita pelo exército brasileiro levou ao levante que se espalhou de Salvador para o restante do Estado. A dificuldade em se chegar a uma definição sobre a separação da Bahia levou os sabinos a decretarem a autônomia do território. Desta forma, se mostravam contrários ao controle regêncial e dos governantes indicados por estes, e portanto queriam a autonômia até a coroação de Dom Pedro II, quando voltariam a integrar ao reino. O levante foi controlado com a chegada do exército brasileiro, gerando cerca de 2 mil mortes e 3 mil presos.

Balaiada 1838-1841 (2° colegial)


O Maranhão passava por forte crise econômica devido ao declínio do comércio do algodão após a independência americana. A miséria e o descontentamento se espalhava pela população, e além da insatisfação com a indicação do governador pelo regente, a convocação obrigatória pelo exército gerou um clima de tensão por todo o estado.
A balaiada foi uma revolta que contou com a participação de varios grupos sociais insatisfeitos. A elite urbana usava o jornal O Bem Te Vi como forma de criticar o governo e incitar a população ao levante. O movimento recebeu o nome balaiada devido ao artesão Manuel dos Anjos, conhecido por Manuel balaio. Após seus filhos serem convocados para o exército o mesmo passou a ser um dos líderes das camadas populares contra o governo regêncial. Outro grupo se formou sob a liderança do vaqueiro Raimundo Gomes, o "cara preta", após seu ataque a uma delegacia para libertar seu irmão. Além destes grupos, outro importante foi o grupo de escravos quilombolas liderados por Preto Cosme, que chegou a contar com 3 mil integrantes.
Embora tenha alcançado apoio de diversas camadas da sociedade, a balaiada não possuia uma liderança e um objetivo unificador, e por este motivo, o exército brasileiro conseguiu controlá-la através da atuação do Barão de Caxias.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Cabanagem 1835-1840 (2° colegial)


A revolta da Cabanagem foi um grande levante armado ocorrido no antigo estado do Grão-Pará. Grande parte da população estava no nível da pobreza e por morarem em cabanas a beira dos rios, eram chamados de Cabanos. A indicação do governador Lobo de Souza pelo regente Feijó gerou grande insatisfação na população do estado e gerou a união de fazendeiros, pequenos proprietários e cabanos. A revolta levou a tomada do palácio do governador na capital Belém do Pará e a execução de Lobo de Souza. 
O primeiro governador cabano foi o fazendeiro Félix Malcher. As divergências perante os objetivos da revolta ficaram claras durante seu governo. Seu interesse em acabar com a revolta e dialogar com o governo de regente feijó foi o principal motivo de ser tratado como traidor e executado. Com a morte de Félix Malcher, sobe ao poder o segundo governador cabano, Francisco Vinagre. O terceiro governador cabano viria da camada popular, com a nomeação de Eduardo Angelim. Seu governo sofreu com as violentas investidas do exército brasileiro que levaram a uma estimativa de 40 mil mortos, pondo fim ao levante popular.

Revolta dos Malês 1835 (2° colegial)


A interessante revolta dos Malês ocorreu em Salvador e tem como grupo revoltoso os escravos de religião islâmica. Revoltados com a obrigação de conversão ao catolicismo e com a escravidão, estes escravos que também eram escravos de ganho (capazes de acumular dinheiro através do comércio) organizaram uma revolta com o intúito de dominar Salvador e servir de inspiração para que os escravos do resto da Bahia continuasse a revolta. Pretendiam transformar a Bahia em uma República Islâmica sem a escravidão negra. 

Para alcançar este objetivo acumularam armas e pretendiam invadir a delegacia e libertar um dos lideres dos escravos, Pacífico Licutan, que serviria para ajudar no convêncimento dos outros escravos na adesão à revolta. Entretanto o plano foi denunciado e uma emboscada surpreendeu os revoltosos. A perseguição atravessou a madrugada do dia 25 de janeiro de 1835 e os revoltosos foram capturados e executados.

Abdicação de Dom Pedro I e inicio do período regêncial (2° colegial)


O reinado de Dom Pedro I gerou muita insatisfação na população brasileira. As divergências começaram com a criação da nova constituição, que tinha como base os três poderes (legislativo, executivo e judiciário) mas que recebeu a adição de um quarto poder que ficava na mão do monarca, o poder moderador. Este poder lhe dava possibilidade de intervir em todos os outros poderes, legitimando desta forma um poder absoluto na mão do Rei. Junta-se a este fator o surgimento de revoltas e processos de separação, como a confederação do equador no nordeste e principalmente a guerra da Cisplatina que levou à perda deste território e a criação do Uruguai. 
O ponto crucial para a abdicação aconteceu no Rio de Janeiro em um grande conflito entre apoiadores e opositores do monarca na chamada Noite das Garrafadas. Após este conflito no centro da capital Dom Pedro I abdicou o trono e retornou a Portugal.

Ao deixar o país, Dom Pedro I deixou seu filho Dom Pedro de Alcântara como sucessor ao trono, que na época possuía apenas 5 anos, e portanto estava incapacitado de assumir o cargo. Perante esta situação foi criádo um governo regêncial que inicialmente era formado por 3 integrantes mas que posteriormente ficou na mão de apenas uma pessoa. O primeiro regente foi Diogo Feijó que tinha a responsabilidade de manter o país estável para entregá-lo a Dom Pedro de Alcântara quando este chegasse aos 18 anos. Para isso, estava proíbido iniciar guerras, anular leis e distribuir títulos de nobreza. Em seu governo, o regênte foi responsável pelo aumento dos poderes dos governadores que passaram a ser indicados pelo próprio regente. Esta situação gerou muita insatisfação nos estados e provocou o início das revoltas do período regêncial.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Chegada da família Real ao Brasil - 1808 (2° colegial)


Durante a Guerra Napolêonica e o Bloqueio Continental implantado pela França, a pressão aos países europeus para que não mantivessem relações comerciais com a Inglaterra recaiu de forma drástica sobre Portugal. Perante a possibilidade de sofrer com o bloqueio continental, a Inglaterra pressionou Portugal (grande parceiro comercial) a manter as relações comerciais, sob o risco de ter sua colônia Brasil invadida para que os ingleses conseguissem financiar a guerra. 
A decisão deste dilema ficou na mão do Príncipe Regente D. João que foi elevado a este cargo devido aos problemas psicológicos que aflingia sua mãe, a Rainha D. Maria I. Sob o risco de perder sua colônia ou ter seu reino invadido, D. João organiza com os ingleses a transferência de toda a corte portuguesa para o Brasil, deixando a população portuguesa a mercê da invasão das tropas francesas.
Em 1808, cerca de aproximadamente 15 mil pessoas deixam a Europa em direção a colônia. Por ser uma colônia, a função do Brasil era gerar recursos para a metrópole através da extração mineral, extração vegetal, impostos e o monopólio comercial. O monopólio comercial fazia parte do pacto colonial entre Metrópole e colônia e impunha que a colônia não poderia ter o desenvolvimento de indústrias e restringia seu comércio apenas com a metrópole (monopólio), gerando enormes vantagens. Com a invasão de Portugal por Napoleão, o primeiro ato de D.João ao chegar na Bahia foi decretar a Abertura dos Portos, que eliminava o Monopólio comercial e liberava a compra e venda de nações consideradas amigas. Com o propósito de ajudar a Inglaterra na guerra contra Napoleão, os produtos ingleses pagavam menos impostos para entrar no Brasil (15%) se comparado aos produtos que vinham de outros países (24%).
A chegada da família Real proporcionou a elevação da colônia à capital do império português. Grandes investimentos foram feitos na educação e saúdes, e os recursos trazidos pela corte foram usados na construção de teatros, casas de ópera, jardins e calçamentos, que podem ser conferidos através das obras de Debret. 
A derrota de Napoleão em 1815 tornou Portugal um reino livre novamente, e a demora no retorno de D. João provocou a Revolução Liberal do Porto e a reinvidicação de uma monarquia constitucional. Perante o risco de perder seu trono, D. João VI retorna para Portugal em 1821, deixando seu filho D. Pedro como Príncipe Regente da colônia.

domingo, 31 de agosto de 2014

Guerras Napolêonicas (1803 - 1815) 2° colegial


A chegada de Napoleão Bonaparte ao controle da França simbolizou um marco ao final da revolução francesa. Seu objetivo de transformar a França em uma grande potência econômica mundial proporcionou um período de guerras na Europa, no qual procurou enfraquecer as monarquias que combateram a revolução francesa e que era contrárias ao seu governo. Estes ataques às monarquias vizinhas gerou a formação da Terceira Coligação, composta por Inglaterra, Rússia e Áustria. O primeiro embate entre estas forças se deu na batalha naval de Trafalgar, vencida pelos ingleses.  A resistência inglesa levou Napoleão a promulgar o bloqueio continental, que visava enfraquecer a econômia inglesa, ao proibir os paises de manter comércio com a inglaterra. Os reinos que não seguissem o bloqueio continental, teria seu território invadido pelas tropas francesas como represália. Após avanços e vitórias, os Russos deixam a coligação mantendo uma aliança com Napoleão. 
Portugal, que mantinha amplas relações comerciais com os ingleses, passou a ser pressionados para que não acatasse o bloqueio continental, sob o risco de perder sua colônia Brasil para a Inglaterra. Perante esta situação, em 1808 a corte de D. João, então principe regente devido a incapacidade de governo de sua mãe, a rainha D. Maria I (conhecida como D. Maria a louca), firmou acordo com os ingleses, fugindo para o Brasil e mantendo assim as relações comerciais. Após a fuga da família real e da corte, as tropas napoleônicas invadiram e dominaram a Espanha e Portugal. 
Após Portugal romper o bloqueio continental, foi a vez da Rússia. Temerosa pelos avanços das tropas francesas, os russos desobedecem Napoleão e reativam o comércio com os ingleses. As tropas napoleônicas iniciam a invasão do terrítório russo em 1912 com um exército que chegava a quase 600 mil soldados. Os russos, sabendo de sua inferioridade, iniciaram a tática conhecida como Terra Arrasada, onde recuavam perante o avanço inimigo, mas antes disso destruiam as cidades e o campo, não deixando abrigo, alimentos e qualquer objeto que poderia ser usada pelas tropas francesas. Esta estratégia tinha como objetivo atrair os franceses para dentro do seu terrítório a ponto de estarem distantes demais das linhas de alimentação quando o inverno chegasse. Não equipados adequadamente para o frio russo, as tropas francesas sucumbiram ao inverno e a falta de alimentos e munições. A derrota francesa na Rússia minou o exército napoleônico, e após este fracasso os ingleses venceram a batalha de Leipzig em 1813, no qual foi proposto o tratado de Fontainebleu, onde Napoleão abdicava o império e se exilava na ilha de Elba.
Em 1815 Napoleão foi resgato por 1200 soldados franceses e tentou retomar o poder, iniciando o governo dos 100 dias. Antes que fosse possível o restabelecimento das tropas francesas, a Inglaterra, sob o comando do Duque de Wellington, vence a batalha de Waterloo. Napoleão é capturado e é enviado para a ilha de Santa Helena na Afríca, onde viria a morrer no mesmo ano. No lugar de Napoleão a Inglaterra restaura a monarquia francesa, reestabelecendo o poder nas mãos de Luis XVIII, irmão de Luis XVI, guilhotinado na revolução francesa.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Revolução Industrial (2° colegial)


A revolução Industrial do século XVIII causou significativas mudanças na sociedade que moldaram a nossa sociedade atual. O uso da tecnologia e a ascensão da burguesia reordenou a sociedade tradicional, propiciando grandes mudanças e o crescimento das zonas urbanas. O país pioneiro na industrialização foi a Inglaterra que apresentava a vantagem de ter em seu solo grandes reservas de carvão mineral, principal combustível para os primeiros motores, e grandes reservas de minério de ferro, a principal matéria prima utilizada neste período. Com a presença de uma burguesia com grande capital acumulado e um mercado consumidor vasto, a Inglaterra se transformou na principal potência industrial.
O primeiro ramo de desenvolvimento das industrias foi o setor têxtil. O tear mecânico modificou a estrutura do trabalho pois propiciava o uso de mão de obra não qualificada e barata, e a grande produção que propiciava preços baixos. Esta mudança foi responsável por uma rápida alteração nos métodos de trabalho, quase que eliminando o tipo de produção artesanal. Sem capacidade de concorrer com as fábricas, os artesãos eram obrigados a vender sua mão de obra e trabalhar nas fábricas.
O crescimento das fábricas também propiciou os "cercamentos", no qual os camponeses eram expulsos do campo e era substituídos pela criação de ovelhas para a geração da matéria prima das indústrias de tecelagem. As substituições geraram um grande êxodo da zona rural para a zona urbana, proporcionando uma elevada quantidade de pessoas desempregadas e propensas a aceitar baixos salários nas fábricas. Por outro lado, a diminuição dos preços gerou uma maior capacidade de consumo para as classes baixas, gerando o efeito consumismo e se tornando a base do capitalismo atual. 
O operário além de receber baixos salários, trabalhava em situações de insalubridade. Sua jornada de trabalho podia variar de 12 a 18 horas diárias em locais com pouca ventilação, riscos altos de acidentes, sem garantias ou direitos e com possibilidade até de castigos físicos. O tempo da natureza que era usado no campo passa a ser agora o tempo do patrão através das horas. A busca do lucro (mais-valia) força o operário a sempre trabalhar mais e produzir em maior quantidade. Toda esta situação irá gerar a criação das trade-unions (espécie de sindicatos) para tentar melhorar suas condições de trabalho e salário. A revolução industrial se espalha para a França e posteriormente para todo o globo, chegando na América através dos Estados Unidos.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Revolução Francesa (2° colegial)



A França do século XVIII apresentava grande injustiça social. Governada por Luis XVI, ainda apresentava a divisão social que remetia ao período medieval, tendo o 1° Estado formado pelo Clero, o 2° Estado pela nobreza e o 3° Estado sendo composto pela Alta Burguesia, Pequena Burguesia, Servos e camponeses. As diferenças entre os estados eram gritantes e apenas o 3° era responsável pelo pagamento de impostos que mantinham o luxo dos restantes.
A economia francesa passava por grande crise, consequência dos gastos com a Guerra dos Sete Anos e a Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, ambas contra os ingleses. Além deste fator grandes secas e variações climáticas geravam escassez de alimentos e aumento dos preços que atingiam principalmente a camada mais pobre. Contribuiu ainda para a indignação popular os ideais iluministas que se espalhavam por toda a França.
Com a intenção de contornar a crise, o rei absolutista Luis XVI convocou a Assembleia dos Notáveis, composta pelo 1° e 2° Estado, com a intenção de convencê-los a contribuírem com a arrecadação de impostos, que foi rejeitada. Por sugestão de seu ministro Jacques Necker, Luis XVI convocou a Assembleia dos Estados Gerais que não era reunida desde 1614 contando com todos os estados, com a intenção de aumentar os impostos do 3° Estado. A tentativa da Nobreza e do Clero de que a votação fosse por estado e não de forma individual (que favorecia o 3° estado) fez com que o terceiro estado se revoltasse e saísse da Assembleia dos Estados Gerais, se reorganizando no salão de jogos do Palácio de Versalhes onde se declararam Assembleia Nacional e posteriormente Assembleia constituinte.
Com a frase “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, estoura em 14 de julho de 1789 a Revolução Francesa com a população miserável, também conhecidos como Sans-culottes, tomando as ruas de Paris. A tomada da prisão da Bastilha representou a queda de um dos maiores símbolos da repressão de Luis XVI. A perseguição a clérigos e a nobres levaram vários a serem executados, casas e templos queimados e fugas. Este período ficou conhecido como Fase do Medo. Durante este período, a Assembléia Nacional criou a Constituição francesa que foi responsável pela diminuição dos poderes absolutos do Rei. Também foi responsável pela criação da Declaração dos Direitos Humanos, que entre outras coisas definia o direito à propriedade individual e a igualdade entre os cidadãos, eliminando as diferenciações que favoreciam a nobreza. Em 1790 foram também responsáveis pela criação da Constituição Civíl do Clero, que confiscou as propriedades da Igreja e tornou todos os clérigos civis.
Estas mudanças reestruturaram a sociedade francesa. O rei agora deveria seguir a constituição. Com a ausência do Clero e da Nobreza, assumiu o controle a Alta Burguesia, também conhecidos como Girondinos, sendo seguidos pela Pequena Burguesia, conhecida como Jacobinos, e na base da sociedade, permaneciam os sans-culottes. A intenção dos girondinos de permanecerem no poder e estancar os revolucionários mais radicais levou a França a iniciar o conflito contra a Austria, principal local de destino dos nobres que fugiram da massa enraivecida. Após um início desastroso, a França sob a tutela do jovem oficial Napoleão Bonaparte e a participação dos sans-culottes, venceu a Áustria. Criou-se o comitê de salvação pública e iniciou-se a execução dos girondinos traidores e inclusive do Rei Luis XVI e da Rainha Maria Antonieta, o que fez com que a França deixasse de ser uma monarquia e passasse a ser uma República. Termina a fase do medo, e inicia-se a fase em que os Jacobinos irão assumir o controle da França.
O período em que o governo foi assumido pelos Jacobinos ficou conhecido como Fase do Terror devido a radicalidade que a revolução tomou. Pessoas que divergiam de suas propostas e traidores eram julgados de forma relâmpago e executados na guilhotina. Liderado por Robespierre, o governo perdeu o controle. As execuções arbitrárias de diversos grupos diferentes levaram inclusive à morte do grande líder jacobino Robert Danton. O calendário cristão foi substituído pelo calendário da Revolução com o intuito de diminuir o poder da Igreja. Entretanto, estas atitudes levaram ao afastamento do apoio dos sans-culottes à revolução. Sem o apoio das camadas pobres, os jacobinos sofreram o golpe do 9 de termidor, no qual a maioria de seus lideres foram executados, o partido jacobino eliminado, e marcou o retorno dos girondinos ao poder. A nova constituição estabelecia a continuidade do regime republicano que seria controlado pelo Diretório (1795 - 1799). Neste período houve várias tentativas para controlar o descontentamento popular e afirmar o controle político da burguesia sobre o país. Durante este período, a França voltou a receber ameaças das nações absolutistas vizinhas agravando a situação. Este governo ficou conhecido como diretório. Entretanto a falta de apoio dos populares levaram a ascensão do general Napoleão Bonaparte, que pôs fim ao período revolucionário e implantou o consulado (governo no qual 3 cônsulest governavam) e posteriormente se autoproclamou imperador.


domingo, 16 de março de 2014

Iluminismo (2° colegial)


O século XVII proporcionou gigantescas e significativas mudanças na história da humanidade. O advento do Renascimento cultural/comercial/científico e a Reforma Protestante nos séculos anteriores geraram a base teórica para as mudanças substâncias na estrutura do Antigo Regime que seria o alvo dos iluministas. Também conhecido como o século das luzes ou da razão, o século XVII viu o surgimento de diversos pensadores que passaram a questionar a visão teocentrica do mundo dada pela Igreja Católica e das injustíças sociais causadas pela nobreza e pelos reis absolutistas, que freavam o crescimento e o desenvolvimento da burguesia. Estes pensadores, tambem conhecidos como filósofos, propunham o uso da razão como único modo de compreender os fatores sociais e fenômenos naturais, colocando portanto o homem como centro do universo (antropocentrismo), substituindo o teocentrismo (deus no centro do universo). O homem passa a ser considerado um ser capaz de dar respostas e compreender o local onde vive, propondo mudanças para uma melhorar organização baseada no racionalismo.

O iluminismo teve seu auge na França mas se espalhou por diversos lugares da Europa e da América. Frases como "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" na França, influência no processo de independência dos EUA ou em processos revoltosos como a Inconfidência Mineira no Brasil foram consequência desta mudança de pensamento proposta pelos iluministas. Esta mudança de pensamento interessava principalmente à burguesia que buscava mais direitos e contestava o poder conservador do antigo regime que se concentrava nas mãos da nobreza e dos reis.

Os principais filósofos iluministas eram:



- John Locke (1632 - 1704): O filósofo inglês John Locke foi responsável pela criação da obra "O contrato social". Definiu a teoria da tábula rasa e nela buscava definir o "si mesmo" onde colocava a mente das pessoas como uma folha em branco, que deveria ser preenchida pelas experiências vividas, o que contribuiria para a sua definição como pessoa. Defendia que todos ao nascer possuiam direitos naturais (direito à vida, à liberdade e a propriedade) que deveriam ser preservados pelos governantes. Entretanto, se esse governo não respeitassem estes direitos, o povo teria o direito de se revoltar contra ele. Desta forma todo governo deveria seguir um contrato social, que definiria seu poder como secundário, abaixo do poder do povo.

JEAN-JAQUES ROUSSEAU - O Bom Selvagem
- Jean Jacques Rousseau (1712 - 1778): De origem humilde, Rousseau foi responsável por obras que inspirou reformas políticas e educacionais. Definiu que o grande mal da sociedade era a propriedade, responsável pela desigualdade social, criminalidade e guerras. Em sua obra "Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens", defendeu que a sociedade corrompia o homem, que naturalmente era bom. Desta forma, surgiu o que ficou conhecido como a teoria do "bom selvagem", onde a natureza humana naturalmente boa, era corrompida pela sociedade, tornando-a má, sendo portanto buscar instituições justas para corrigir a sociedade.



- Voltaire (François Marie Arouet): Voltaire era o maior crítico da Igreja e da intolerância religiosa e por este motivo foi perseguido, preso e posteriormente se exilou na Inglaterra. Neste período criou o seu texto mais importante "cartas inglesas", no qual comparava a liberdade existente na Inglaterra em comparação com o atraso existente na França. Embora criticasse constantemente as instituições religiosas, não era ateu, e seguia os princípios do deismo, onde Deus esta presente na natureza, e portanto dentro de cada um, tornando desnecessário as instituições religiosas.



- Barão de Montesquieu (Charles Louis de Secondat - 1689-1755): foi um dos maiores pensadores franceses. De origem abastada, se aprofundou nos estudos humanistas e jurídicos, propiciando amplo conhecimento e seu ingresso no tribunal da provincia de Bordéus. Escreveu as "cartas persas" onde realizou duras críticas ao autoritarismo político e aos costumes das instituições européias. Em seu livro "O espírito das leis" pregou a separação dos três poderes (legislativo, executivo e judiciário) como forma de garantir e proteger as garantias individuais e a justíça. Suas idéias inspiraram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão durante a revolução francesa e a constituição dos Estados Unidos.

- Diderot e D'Alembert: Foram responsáveis pela difusão das idéias e valores do iluministo pela Europa. A criação da "Enciclopédia" gerou o acesso a todos a uma reunião de conhecimento e saberes produzidos por diversos pensadores iluministas. Era dividida em 35 volumes com diversos campos de conhecimentos, como música, filosofia, história, econômia, etc.



- Adam Smith (1723-1790): Filósofo e economista escocês, fazia parte da corrente dos fisiocratas que ampliava o conhecimento sobre as questões econômicas da Europa do século XVII. É considerado o pai da economia moderna e principal teórico do liberalismo econômico. Escreveu o livro "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", no qual tentou demonstrar que a riqueza das nações resulta da atuação dos indivíduos (trabalho) movidos pelos seus próprios interesses. Ilustrou este pensamento com a frase "não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu auto-interesse". Desta forma, defendia que o comércio e a iniciativa privada deveria agir livremente sem a intervenção do estado (governo). A simples competição livre regulamentaria o mercado e proporcionaria as inovações tecnológicas e o crescimento das nações.










Reforma Protestante (2° colegial)


O século XVI conheceu profundas mudanças em sua estrutura social e política. Desde a idade média a Igreja Católica mantinha o monopólio da fé na Europa e este poder lhe proporcionou o controle da informação. Se por um lado este controle lhe dava a capacidade de manipular as classes, principalmente a mais baixa, também deixava claro a perda de sua identidade inicial, exemplificado pelos gastos excessivos com luxo e preocupações materiais. Esta busca de riqueza e poder gerou diversas quebras das regras religiosas, como o celibato, além da venda de cargos, que "capacitava" como padres, pessoas que não possuiam capacidade de realizar uma missa.

A insatisfação popular crescia nas regiões mais distantes de Roma (sede da Igreja Católica) e era intensificada pelo crescimento da burguesia, que se sentia prejudicada pelo fato da Igreja condenar seu trabalho baseado no lucro e o juros. Soma-se aos descontentes os Reis que não concordavam com as constantes interferências da Igreja nos assuntos políticos. Todos estes fatores são reflexos do Renascimento que intensificou o conhecimento baseado na ciência, e que começava a questionar as verdades repassadas pela Igreja.

É neste cenário que aparece a figura do monge alemão Martinho Lutero. Insatisfeito com os atos da Igreja, como venda de indulgências, uso das relíquias religiosas e imagens e a venda de cargos religiosos, criou as 95 teses que foi anexada na entrada da Igreja de Wittenberg. Reformador inicialmente, Lutero criticava a doutrina católica de que a salvação viria pelos atos, o que legalizava a venda de indulgências, no sentido de que o fiel estaria contribuindo para a Igreja do senhor, e propunha que a salvação viria pela fé. 

Foi convocado em 1521 por Carlos V e pela Igreja católica para revogar as 95 teses. Por não negar seus escritos, passou a ser perseguido, mas foi protegido por príncipes (nobres) alemães que se interessavam nos seus escritos por minimizar o poder da Igreja Católica. Durante esta proteção, conhecida como Dieta de Worms, Lutero traduziu a Bíblia que exclusivamente circulava em Latim (lingua da Igreja), para o Alemão, tornando possível que pessoas comuns tivessem acesso as escrituras. Lutero foi excomungado e criou a Igreja Luterana na Alemanha, acabando com o monopólio da Igreja Católica na Europa, sendo seguido por João Calvino na França e o Rei Henrique VIII e a criação da Igreja Anglicana na Inglaterra.

A Reforma Protestante gerou grandes prejuízos à Igreja Católica com a perda de fiéis e o avanço do protestantismo. Para evitar novas perdas e manter o poder da Igreja foram definidas novas estratégias durante o Concílio de Trento. Dentre as mudanças, ficaram definidas a catequização dos habitantes das terras descobertas fora da Europa (colonização da América), reforma e intensificação da Santa Inquisição nas regiões controladas pela Igreja Católica, criação de um índice de livros proibidos e proibição de vendas de cargos religiosos. Estas mudanças da Igreja Católica ficaram conhecidas como Contra-reforma religiosa.