domingo, 16 de março de 2014

Iluminismo (2° colegial)


O século XVII proporcionou gigantescas e significativas mudanças na história da humanidade. O advento do Renascimento cultural/comercial/científico e a Reforma Protestante nos séculos anteriores geraram a base teórica para as mudanças substâncias na estrutura do Antigo Regime que seria o alvo dos iluministas. Também conhecido como o século das luzes ou da razão, o século XVII viu o surgimento de diversos pensadores que passaram a questionar a visão teocentrica do mundo dada pela Igreja Católica e das injustíças sociais causadas pela nobreza e pelos reis absolutistas, que freavam o crescimento e o desenvolvimento da burguesia. Estes pensadores, tambem conhecidos como filósofos, propunham o uso da razão como único modo de compreender os fatores sociais e fenômenos naturais, colocando portanto o homem como centro do universo (antropocentrismo), substituindo o teocentrismo (deus no centro do universo). O homem passa a ser considerado um ser capaz de dar respostas e compreender o local onde vive, propondo mudanças para uma melhorar organização baseada no racionalismo.

O iluminismo teve seu auge na França mas se espalhou por diversos lugares da Europa e da América. Frases como "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" na França, influência no processo de independência dos EUA ou em processos revoltosos como a Inconfidência Mineira no Brasil foram consequência desta mudança de pensamento proposta pelos iluministas. Esta mudança de pensamento interessava principalmente à burguesia que buscava mais direitos e contestava o poder conservador do antigo regime que se concentrava nas mãos da nobreza e dos reis.

Os principais filósofos iluministas eram:



- John Locke (1632 - 1704): O filósofo inglês John Locke foi responsável pela criação da obra "O contrato social". Definiu a teoria da tábula rasa e nela buscava definir o "si mesmo" onde colocava a mente das pessoas como uma folha em branco, que deveria ser preenchida pelas experiências vividas, o que contribuiria para a sua definição como pessoa. Defendia que todos ao nascer possuiam direitos naturais (direito à vida, à liberdade e a propriedade) que deveriam ser preservados pelos governantes. Entretanto, se esse governo não respeitassem estes direitos, o povo teria o direito de se revoltar contra ele. Desta forma todo governo deveria seguir um contrato social, que definiria seu poder como secundário, abaixo do poder do povo.

JEAN-JAQUES ROUSSEAU - O Bom Selvagem
- Jean Jacques Rousseau (1712 - 1778): De origem humilde, Rousseau foi responsável por obras que inspirou reformas políticas e educacionais. Definiu que o grande mal da sociedade era a propriedade, responsável pela desigualdade social, criminalidade e guerras. Em sua obra "Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens", defendeu que a sociedade corrompia o homem, que naturalmente era bom. Desta forma, surgiu o que ficou conhecido como a teoria do "bom selvagem", onde a natureza humana naturalmente boa, era corrompida pela sociedade, tornando-a má, sendo portanto buscar instituições justas para corrigir a sociedade.



- Voltaire (François Marie Arouet): Voltaire era o maior crítico da Igreja e da intolerância religiosa e por este motivo foi perseguido, preso e posteriormente se exilou na Inglaterra. Neste período criou o seu texto mais importante "cartas inglesas", no qual comparava a liberdade existente na Inglaterra em comparação com o atraso existente na França. Embora criticasse constantemente as instituições religiosas, não era ateu, e seguia os princípios do deismo, onde Deus esta presente na natureza, e portanto dentro de cada um, tornando desnecessário as instituições religiosas.



- Barão de Montesquieu (Charles Louis de Secondat - 1689-1755): foi um dos maiores pensadores franceses. De origem abastada, se aprofundou nos estudos humanistas e jurídicos, propiciando amplo conhecimento e seu ingresso no tribunal da provincia de Bordéus. Escreveu as "cartas persas" onde realizou duras críticas ao autoritarismo político e aos costumes das instituições européias. Em seu livro "O espírito das leis" pregou a separação dos três poderes (legislativo, executivo e judiciário) como forma de garantir e proteger as garantias individuais e a justíça. Suas idéias inspiraram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão durante a revolução francesa e a constituição dos Estados Unidos.

- Diderot e D'Alembert: Foram responsáveis pela difusão das idéias e valores do iluministo pela Europa. A criação da "Enciclopédia" gerou o acesso a todos a uma reunião de conhecimento e saberes produzidos por diversos pensadores iluministas. Era dividida em 35 volumes com diversos campos de conhecimentos, como música, filosofia, história, econômia, etc.



- Adam Smith (1723-1790): Filósofo e economista escocês, fazia parte da corrente dos fisiocratas que ampliava o conhecimento sobre as questões econômicas da Europa do século XVII. É considerado o pai da economia moderna e principal teórico do liberalismo econômico. Escreveu o livro "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", no qual tentou demonstrar que a riqueza das nações resulta da atuação dos indivíduos (trabalho) movidos pelos seus próprios interesses. Ilustrou este pensamento com a frase "não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu auto-interesse". Desta forma, defendia que o comércio e a iniciativa privada deveria agir livremente sem a intervenção do estado (governo). A simples competição livre regulamentaria o mercado e proporcionaria as inovações tecnológicas e o crescimento das nações.










Reforma Protestante (2° colegial)


O século XVI conheceu profundas mudanças em sua estrutura social e política. Desde a idade média a Igreja Católica mantinha o monopólio da fé na Europa e este poder lhe proporcionou o controle da informação. Se por um lado este controle lhe dava a capacidade de manipular as classes, principalmente a mais baixa, também deixava claro a perda de sua identidade inicial, exemplificado pelos gastos excessivos com luxo e preocupações materiais. Esta busca de riqueza e poder gerou diversas quebras das regras religiosas, como o celibato, além da venda de cargos, que "capacitava" como padres, pessoas que não possuiam capacidade de realizar uma missa.

A insatisfação popular crescia nas regiões mais distantes de Roma (sede da Igreja Católica) e era intensificada pelo crescimento da burguesia, que se sentia prejudicada pelo fato da Igreja condenar seu trabalho baseado no lucro e o juros. Soma-se aos descontentes os Reis que não concordavam com as constantes interferências da Igreja nos assuntos políticos. Todos estes fatores são reflexos do Renascimento que intensificou o conhecimento baseado na ciência, e que começava a questionar as verdades repassadas pela Igreja.

É neste cenário que aparece a figura do monge alemão Martinho Lutero. Insatisfeito com os atos da Igreja, como venda de indulgências, uso das relíquias religiosas e imagens e a venda de cargos religiosos, criou as 95 teses que foi anexada na entrada da Igreja de Wittenberg. Reformador inicialmente, Lutero criticava a doutrina católica de que a salvação viria pelos atos, o que legalizava a venda de indulgências, no sentido de que o fiel estaria contribuindo para a Igreja do senhor, e propunha que a salvação viria pela fé. 

Foi convocado em 1521 por Carlos V e pela Igreja católica para revogar as 95 teses. Por não negar seus escritos, passou a ser perseguido, mas foi protegido por príncipes (nobres) alemães que se interessavam nos seus escritos por minimizar o poder da Igreja Católica. Durante esta proteção, conhecida como Dieta de Worms, Lutero traduziu a Bíblia que exclusivamente circulava em Latim (lingua da Igreja), para o Alemão, tornando possível que pessoas comuns tivessem acesso as escrituras. Lutero foi excomungado e criou a Igreja Luterana na Alemanha, acabando com o monopólio da Igreja Católica na Europa, sendo seguido por João Calvino na França e o Rei Henrique VIII e a criação da Igreja Anglicana na Inglaterra.

A Reforma Protestante gerou grandes prejuízos à Igreja Católica com a perda de fiéis e o avanço do protestantismo. Para evitar novas perdas e manter o poder da Igreja foram definidas novas estratégias durante o Concílio de Trento. Dentre as mudanças, ficaram definidas a catequização dos habitantes das terras descobertas fora da Europa (colonização da América), reforma e intensificação da Santa Inquisição nas regiões controladas pela Igreja Católica, criação de um índice de livros proibidos e proibição de vendas de cargos religiosos. Estas mudanças da Igreja Católica ficaram conhecidas como Contra-reforma religiosa.